Quando a palavra descabela o mar.

A palavra fagulha, esgarça, extirpa,

é capaz de descabelar o mar, desfraldar a noite,

dispersar a fé.

A palavra imanta os passos, destrava o gozo,

faz os ventos fugirem da toca.

A palavra não poupa, nem falha,

seus tentáculos enlouquecem as montanhas,

faz a pele desanuviar.

A palavras orfaniza, sucateia os cheiros,

cambaleia os ossos, tapa as chaminés,

deixa a voz oca e enfarta o pensamento,

até o sempre ficar sempre.

A palavra é pároco fiel, choro sem estralo,

pouso rasante nos pelos ainda em flor.

A palavra quando se diz ancorada é falida,

quando a percebemos amotinada, já escapuliu,

quando a temos parida, encontramos seu rio.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 04/12/2014
Reeditado em 04/12/2014
Código do texto: T5058489
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