Hipocrisia

Cícero onde estás/

Verso no avesso/

Dos muros/

Para poder passar/

Assim sou festivo/

E com essa indignação na alma/

Teimo em vos enganar/

Não é maldade/

É uma forma, talvez insana/

De a vida enfrentar/

No âmbito das coisas/

Pode ser vista como leviana/

Que muitos chamam humanas/

Como a se desculpar/

De um erro/

Por tantos erros/

Como defeitos/

Sem parecer vulgar/

Mas no fundo é não aceitar/

No desvio/

Ascende em valores/

Os rumores são pra normatizar/

Por isso fico a questionar/

Se tudo isso veio pra ficar/

Visto que essa sociedade/

Ensina a viver/

Não a lutar/

Trata das regras e do jogo/

Para sempre limitar/

Pelo medo de tentar/

De ser descoberto como uma farsa/

Meu bem/

Meu mal/

Vivo sem/

Como a identificar no comportamento social/

Alegando esse imperfeitismo/

Arraigado na justa forma de me salvar/

Da morte em pecado/

Que a religião nos cega/

Por ser ignorante/

Sou errante da morte/

Sou amante de tantos medos/

Esse é o segredo de frente ao Estado/

Melhor me comportar/

Assim falseando/

Não sendo autentico/

Me imponho ao mundo/

Sem perceber que os interesses/

São de um sistema que mesmo ausente/

É capaz de me escravizar/

Minha personalidade/

Meu uso e costume/

Minha idade/

Consumismo, sexualidade/

Discriminação e indiferenças/

Ideologia prolixa/

São tantos chamados num segundo/

Que se há o livre arbítrio/

Intrinsecamente/

Faço o que faço por ser obediente/

Classificado de boa gente por não reclamar/

Não me limito/

Por excesso/

Vomito, paro/

Pouco falo/

Não ouço/ não sei/

Mas o vício/

Esse sim é lei/

Esse não é proibido/

Nesses dias fatídicos/

Tudo está um caos/

Mas dizem nas entrelinhas da esperança/

Que tudo vai mudar/

Eles querem, mas não publicam/

Que o filho do filho ao sexagenário/

Sejam dependentes da ilusão/

Adoecem dolosamente a razão/

Então/

Por que a questão/

De duvidar se insisto/

No que vai/

Ou que não vai/

Me matar/

Não é um fanatismo/

Mendigo/

Que juro e digo/

Mas não consigo deixar/

Quem tem a chancela de limitar/

É parasito/

Estereotipa o oportunista/

Como um predestinado necessário/

Para uma vida sem bem estar/

Por isso nas estradas corro/

Por isso bebo pra me acabar/

E quando chega a conta das multas/

Tento me justificar/

E quando sou descoberto atrás dos computadores/

Começo a negar/

O que é engraçado é que todos riem do palhaço/

Esquecendo-se de olhar o seu rosto/

Tantas vezes coloridos para disfarçar/

Os seus antagonismos/

Neurotismos/

E por que não farsa/