Canibalismo.
Devorando a mim mesmo, em toda a minha liberdade
Voltando ao pó, mesmo depois de uma certa idade
Nessa muita facilidade, andar a esmo, sempre mudando a direção
Me retorcendo como tênia, devorando das tripas ao pescoço
Mesmo que eu seja bem moço, sei que não tem muito perdão
Retrocedendo cada vez mais fundo, mastigando o coração
Piscando longe murmurando, remoendo sentimentos ímpares
Devorando a mim mesmo, perdendo toda minha razão, nas palavras
Me afogando, me libertando de uma bonita prisão,
Consumindo cada vez mais fundo sem fim, um vasto mundo colorido
Sentindo cada letra passar de volta na garganta, ficando a cada mordida mais vazio
Devorando a mim mesmo em palavras, debulhando a minh'alma em escadas, degraus, pontes longas
Me consumindo em versos que certamente não existiriam sem dor
Suando frio, queimando no vazio que acabo de causar
Escorregando num chão de azulejo branco, eu líquido e desfeito pronto para me acabar
Me consumo em palavras doces, que chegam pra me libertar
Fênix, eu me consumo e canibalizo pra num outro dia ressuscitar.