Os Pássaros na Procela

Teceu ao céu curvilíneo voo,

trinou um doce canto com clangor,

e o plúmbeo firmamento gritou procela,

e o viço que soprou plácido entornou;

os prados sorriram ao amparo verdejante

e a flor então brotou à gentilidade,

correu das nuvens águas entre trovões,

coriscos de iluminura no acantoamento

e a mãe natureza pelejou fertilidade.

Teceu ao céu em voo o baço sabiá,

seu canto estridulou por entre as copas,

o rio tão corredio acalentou no mar

por onde avezou-se entre as docas;

folgou então em ramo de azevinho

plumagem exuberante d’um uirapuru,

a alva garça se iluminou em probo brilho,

arrostou com a negrura do urubu.

Depois da borrasca já consumida

foi que teceu ao céu às andorinhas,

foi chuva na relva esbelta de aleluias;

foi então à plena voz à poesia

tão sacra ao lápis e ao pensamento

que a vastidão cortou sepulcro ao dia

cingindo de estrelas esse rebento.

Jonas R Sanches
Enviado por Jonas R Sanches em 02/12/2014
Código do texto: T5055885
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.