Os Pássaros na Procela
Teceu ao céu curvilíneo voo,
trinou um doce canto com clangor,
e o plúmbeo firmamento gritou procela,
e o viço que soprou plácido entornou;
os prados sorriram ao amparo verdejante
e a flor então brotou à gentilidade,
correu das nuvens águas entre trovões,
coriscos de iluminura no acantoamento
e a mãe natureza pelejou fertilidade.
Teceu ao céu em voo o baço sabiá,
seu canto estridulou por entre as copas,
o rio tão corredio acalentou no mar
por onde avezou-se entre as docas;
folgou então em ramo de azevinho
plumagem exuberante d’um uirapuru,
a alva garça se iluminou em probo brilho,
arrostou com a negrura do urubu.
Depois da borrasca já consumida
foi que teceu ao céu às andorinhas,
foi chuva na relva esbelta de aleluias;
foi então à plena voz à poesia
tão sacra ao lápis e ao pensamento
que a vastidão cortou sepulcro ao dia
cingindo de estrelas esse rebento.