Teu nome é solidão
Eu não menti pra você
só quis ser quem sou desde o início
quis ter paz
alcançar um degrau mais além do infinito
crescer, trazer pra mim
um pouquinho mais de alegria, talvez
quis usar a cadência da vida
quis buscar as estrelas
quebrar a redoma fincada em mim
quis regar a semente do novo
e buscar ser de novo embrião de esperança e de cor
Sonhos buscam os que são perenes em tons
e eu quero ser mais
quero ver e escrever minha história
ter minha biografia na pedra, no aço, na memória
quero ser meu próprio ponto de transmutação
quero ter em minh’alma a certeza
que esta vida não tem sido e nem foi em vão
lutar, sem armas nas mãos
buscando cajado e formão
para, de pouco em pouco
qual escultor torto
formatar meu próprio coração
Mas tu,
destes flores mortas às moças bonitas
de cerne apodrecido
e deixastes, aos mortos, teu legado
de sonhos em pó
em ouro e em prata
forjastes moedas de Eldorado
pra em cara ou coroa
tua sorte o vento optar
procuras a flor mais bela
em pântano lamacento
o céu mais azul
em nebulosos dias
sem vento
procuras teus sonhos,
longe do porto do teu coração...
não precisavas conselhos
foste tu quem me ensinou a pescar!
mas, na pescaria da vida
Eu sou o céu
Tu és o mar
e sempre juntos estão
mas nunca se encontram
(Por isso teu nome é solidão)
pois ambos são infinitamente grandes e azuis
porém, o céu tem o alcance das minhas mãos
e tu, cabes na concha de um menino brincalhão
brincando com cera, argila e castelos de areia no chão
E no fim desta jornada de vida,
contas terei a prestar,
do que fiz
e do que não