COLIBRI
Batestes em minha janela
"Inda" aurora, me acordastes
Teu bico tocando as hastes
Da hera, vil trepadeira
Sem flores e sem fruteira
Só folhas escuras e espinhos
Gotas de um amargo vinho
A guisa do mais puro veneno.
Enganastes me tu, tão pequeno!
Um colibri ou um inseto?
Um beija-flor inquieto
Ou um pardal insolente?
Só sei que ando demente
Esperando o teu regresso
Pois ao pôr-do-sol vi no teto
Um ninho que é teu por certo.