INIGUALAVEL
Quando sentimos que as coisas já não são
Quando não sentimos mais o poder das estrelas
Quando a lua já não tem mais graça alguma
Quando já não é tão doce o puro mel da abelha
As palavras já não fazem tanto sentido
E os sentidos já são sentidos normalmente
Não há olho no olho, lábios nos lábios, afagos
Não há mais gemidos deliciosos e indecentes
O desprezo, a arrogância, o desrespeito
A ironia na cama vazia que há muito tempo
Não faz parte do mundo destroçado
A falta que faz a cabeça deitada ao peito
Foice ceifadora de sentimentos verdadeiros
Incapacidade de ouvir ao menos uma frase
Muita miséria na partilha do coração sôfrego
O desaparecimento do alicerce que dava base
O momento indiscutivelmente inadiável
O rio que desagua dos olhos inigualável