A arrogância do tempo**

“..covardes sátiras onde se poupa o abutre e se estraçalha a pomba...”

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Vejam o rosto tenaz deslumbrante

Sob os calcanhares de arqueiros no front

Na confusa guerra: alma e semblante...

Vejam o falso brilho do gozo na noite

Que surdo não chora ao clamor distante,

Inebriado pelo cheiro da seda ofegante;

Vejam o confronto de vidas constantes

Entre ternos, trapos, ternuras, trapaças...

No mesmo trilho de comboios errantes;

Vejam o fungo da estátua na história

No fecho do desfecho de agruras no tempo

Com rusgas no musgo da matéria na glória;

Vejam no asfalto a estátua do rei,

Pisando repicante na sombra ofendida

Sobre retalhos desumanos agonizantes;

Vejam os abutres desafinando leis

Ditando regras com acordes cansados

Que dilacera a pomba encarcerada;

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Vejo a arrogância do compasso do tempo

E suas “covardes sátiras” nos meus desalentos.

Kal Angelus
Enviado por Kal Angelus em 29/05/2007
Reeditado em 31/10/2012
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