Escrevo-me

Derramo-me junto às linhas,

ao escrever-me quero ser tudo

quero ser nada...

Sou nas linhas tinta e caneta,

sou gata, sou fada, sou bruxuleante;

sou asas de águia, sou tocante,

sou canto do uirapuru;

sou chuva, água, fogo e vento.

Sou lembrança e sou pensamento,

sou chuva e sou sol, sou musa em devaneios;

sou brilho em arrebol,

sou história inventada ou real

de autor desconhecido...

Sou ruído de algum sorriso,

sou ventania, lua e mar, sou o brilho do cometa;

escrevo-me em rabiscos no infinito...

Sou tinta, sou tela,

sou orquídea amarela,

sou livro em algum canto, sou poesia e sou romance;

sou mulher que descalça corre pelas

trilhas dos jardim de flores e versos

e voo pelo universo, sou poesia... Eu sou.

Sou açucena, a flor singela morena que ao derramar-se nas linhas

com estilo normal me elevo ao sobrenatural e, então...

Escrevo-me.