A GENTE QUE EU VEJO!
Vejo gente assim e assado
Gente humilde, gente séria
Gente que é do meu agrado
Gente que num triste fado
Vive apenas de miséria!
Vejo gente a triunfar
Gente boa e gente má
Outra gente a naufragar
Muitos de fome, a passar
Querem comer e não há!
Vejo gente que se ri
Outros que choram de saudade
Mas só sei que percebi
Que há gente que nunca vi
Nem quero ver…por maldade!
Vejo gente tão papista
Gente sem escrúpulos de nada
Gente mesquinha, egoísta
Que quero longe da vista
Essa gente apedrejada!
Vejo gente sem pudor
Gente falsa, ignorante
Gente com falta de amor
Gente a causar dissabor
E gente culta, interessante!
Vejo gente que escreve
Gente que canta e que grita
Gente que não paga e deve
E ao dormir tem sono leve
Gente que às vezes se agita!
Gente de todas as idades
Gente sensata e confiante
Das aldeias e cidades
Gente fina em sociedades
E gente que é traficante!
Gente tão cheia de afectos
E de sentimento profundo
Gente que ama filhos, netos
Gente que em passos directos
Só sabem destruir o mundo!
Só uma gente, eu invejo
Gente que ganha seu pão
E a gentes do Alentejo
Que para sempre desejo
Guardar no meu coração!