OBJETO DE DESEJO

Não se podem imaginar quantas vezes o desejo foi
O ponto de partida na escuta da sanfona de qualquer cor.
Nas festas do meu sertão bem distante, quando
Com olhos fechados chega tudo na cabeça sonhadora.
Até histórias de lampião minha avó relatava.

No forró era um chamego atrevido em que
Jamais participava, pois os pais muito severos,
Impediam com o olhar, ai que saudade que dá,
Pois coração do bom sertanejo permanece por lá.
Desde os tempos de criança até os dias de hoje.

Namoro não acontecia nem havia interesse.
Bastava ouvir a sanfona tocar melodias chorosas
Do mais nobre sanfoneiro que, até a sua história
Virou filme de primeira em parada obrigatória
No cinema brasileiro, mas a saudade persiste.

Bons instrumentos faziam parte dos interessados
Nas canções apaixonantes que nos tocavam.
As praças tinham coreto e serenatas a beira das janelas.
Deixando mocinhas alucinadas pelo tocador jovem,
Vistoso, garboso elegante, conquistador de primeira.

Tudo hoje em dia é bem diferente daqueles tempos
Inocentes, namoro agora é ficar fazendo nem sei o que.
Só Deus sabe já que é testemunha das gostosuras que,
Assiste nos encontros escondidos da moçada cobiçando
O danado fruto escondido em cada ser, nem sei como dizer.

Gildete Vieira Sá
Enviado por Gildete Vieira Sá em 29/11/2014
Reeditado em 29/11/2014
Código do texto: T5052786
Classificação de conteúdo: seguro