PARA O REI SE BORRAR TODO

Nosso cérebro é centelha inerte no aguardo do grito de guerra.

Dependente toda vida do slapt do chicote,

fica amorfa até ser faiscada de vez.

Então se ergue do escuro,

então se autofecunda e vira Deus.

Cérebro, escravo servil eterno,

sem voz, sem olhar, sem gozo próprio,

só faz quando seu suor tem vez.

Então pode avessar o mundo, então pode fazer o rei se borrar todo.

Mas é fraco nas próprias pernas,

é opaco nos festins que conhece.

Precisa ouvir o mantra das travessuras,

assim fica erecto de saudade, louco por um alegoria,

como a aridez do medo na diluviada final.

E assim, só assim,

mostrará seus nódulos que tanto vendara,

tanto fingira que não era nada.

Sem o pensamento de estreia,

o cérebro só desafina, só empaca, só ameça.

Sem o pensamento de estreia,

esse amontoado de nuances e folguedos,

fica amotinado em si mesmo, ilhado, falido.

Sem o pensamento de estreia,

cérebros são carcaça de desmanche,

sucata manca que não vale nada,

absurdamente nada, descaradamente nada,

infinitamente nada e nada mais.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 29/11/2014
Código do texto: T5052475
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