INSÔNIA

“O que choro é diferente.

Entra mais na alma da alma.” – Fernando Pessoa (poema DOR)

INSÔNIA

Cinzas por todo quarto.

Molham paredes nuas de sonho

formas engasgadas

de silêncio e ausências vãs.

O olho no teto.

Vultos do sono

se costuram nos retalhos

da colcha, se esbarram

nas rugas dos lençóis.

Olho desassombrado

sonambulando vigília,

sonegando pálpebras

nessa madrugada sem alma.

O que choro é diferente.

Entra mais na alma da alma.

Entra mais no ébrio das impossibilidades.

Entra mais no osso ressecado

pelos estalidos agudissimos

nas rachaduras da manhã.

Mírian Cerqueira Leite

Mileite
Enviado por Mileite em 28/11/2014
Código do texto: T5052108
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