EIS...

Eis a noite adentro

Eis a lua lá no firmamento

Eis casais apaixonados de somento

Eis a plebe a sair da fábrica; sofrimento.

Eis a saudosa noite inesquecível

Eis o trabalhador à luta invencível

Eis o novo dia que nasce; o jardim floresce

Eis a criança que brinca indolente

Eis a mãe que amamenta bem contente

Eis o abraço sincero no indigente

Eis o passo que avança à guarda indiferente.

Eis a lágrima que à face desce

Saudosa, indolente, nada lhe apetece

Eis a dor do parto, eis o rebento; o fato

Eis a alegria, a euforia, o prato à mesa

Eis a fome vencida; a farta lavoura sobeja.

Eis a noite a deitar-se no céu

Eis a noiva a desfilar seu véu

Eis a ditosa infante à frente

Eis a amante que amor não sente.

Eis no crepúsculo o sol se vai

Eis o dia que finda, à noite cede

Eis marcha a romper o cordão inerte.