Dengos e Manhas
Por carlos sena


Em cada domingo a vida vai se esvaindo. 
Em cada domingo, por assim ser
aqueço a fé e seus mistérios:
oro de frente ao ostensório. 
Amanhã me guardo do mundo,
consagrando-me no cálice bento
pela avarenta sede de santificação. 
E por ser mais tarde segunda-feira
me entrego à solidão dos mosteiros. 
No imaginário existencial há sacristia
e a vida me acolhe e eu me sinto santo. 
Um sacerdote me perdoa os pecados
e some meio alado,
por entre os raios da manhã...
E a minha manhã se encheu de dengos
e manhas.