Navalha do Tempo

Creio nos mistérios paridos pelas noites,
nos monastérios e impropérios perdidos,
na rigidez da pétala vermelha e solitária,
creio na mortalha, a imposta à vida livre.

Creio no desejo e na caligrafia trêmulos,
no empenho dos impérios não havidos,
na flacidez do aço, centelha temporária,
creio no canalha que aposta a sua vida.

Creio no momento calmo, apatia singular,
no movimento, ida e volta das pálpebras,
na estupidez da palavra fria e autoritária,
creio na navalha do tempo, risco no rosto.


 
Dado Corrêa
Enviado por Dado Corrêa em 27/11/2014
Reeditado em 20/05/2015
Código do texto: T5050825
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