VALSA ESTRANHA

Há uma dança infinita,

que em passos eternos se perpetua.

Nela, a alma se expressa, nua,

em palavras que rodopiam suaves trejeitos,

ou em fortes marcações de ritmo e silêncio.

Nela, somos dois, nessa mistura

de criador e criatura,

em floreados engajamentos,

e refinadas vênias de valor silente.

E em cada dança consumimos

algo que ainda estava por dizer,

reduzindo a outros passos

e condicionando a outros volteios

aqueles sonhos e anseios

que ainda ninguém dançou...

Mas dançamos sós, sempre sós,

com as palavras,

porque todas as danças evidenciam

a solidão do par,

que se ama enquanto dança

as frases de uma vida inteira !

( o salão, um imenso soalho de papel,

quase não guarda memórias

das nossas histórias,

perdidas por entre as evoluções

das palavras dos outros...)

28/05/2007