A fonte dos versos

Chicoteei a chuva

Lacei e abracei a Lua

Antes mesmo da Lua, aparecer...

Não sei se tomo banho de chuveiro

Ou banho de chuva,

Ou se fico com cheiro de estrelas...

Quero luvas para limpar-me inteiro

Não por fora, mas por dentro, mar adentro

Feito embarcações... No cais...

Sou cais,

Em todas as despedidas que se foram...

Nunca mais voltaram....

Fiquei horas esperando na porta

Entre eu e o deserto

Por certo, nunca encontrei-me

Os desejos ficaram do lado de dentro

Mar adentro, quando sou mar afora...

Feito lágrimas que nunca caíram dos olhos

E a face implora...

Por lágrimas áridas e secas. Mas lágrimas.

Meus olhos, sertões

E vulcões, que sempre fui, sou e serei

Entrando em erupção. (Quando escrevo versos!)!...

Sou mar, onde mergulham gaivotas...(de asas tortas)!

E ao mesmo tempo, em pleno voo...

Lavas percorrem meus dedos

Desvendam-me segredos imaginários....

Quero chorar...

Lambuzar a pele d'alma com a alma da poesia

E destruir todos os muros de defronte...

A minha Poesia nasceu do tijolo e do concreto

Que fui armazenando pela vida, feito lago

E lago, ao lado, tornaram-se flores e as vezes espinhos.

A fonte dos versos nascem do mesmo mar que habito

E o mar que habito, são muros entre mortos e vivos

Fico armazenado entre uns e outros

Nos armazéns no cais do porto.

As vezes nem sei quem sou...

E nos versos levito, e neles sou leve...

Pluma celeste, quase pluma voo...

Um horizonte longe, feito o horizonte no mar...

E quiçá, não pensar, mas penso.

Denso,

Nas mais profundas águas de mim.

Transpirando em Fá-Maior, sem escorrer, único suor.

Escutando Beethoven.

Tony Bahi@.

Tony Bahia
Enviado por Tony Bahia em 25/11/2014
Reeditado em 27/11/2014
Código do texto: T5048553
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