EU ERGUE, BORDADO.
Minha mão pensa inclina sobre o desenho,
eu ergue palma afinalada. Alongo rascunho
sem descanso, pende o lápis. Não tem paz,
crisol da alma, a linha contínua embaça.
O sinal da cruz na testa marco, pontuo
saber que nada sei: não penso, pensa eu.
Desce o punho cerrado para o lábio mudo
e silencia minha boca outro ponto luz.
Luz da luz sem começo, amor árduo!
Tecido eu, decidas tu. Depois eu conta...
Espalho estrelas na vastidão da mente,
silencio dele a boca, conforta meu coração.
Ai de mim! Começo sempre no fim e agonizo
no parto. Assim acontece de amanhecer dormindo
no bastidor o traço. Não mais animado, nem menos
rascunho... Apenas eu, bordado.
Baltazar