O Espelho deste Pai
O espelho deste pai, onde que habita?
Sem mínima estrutura, herói incompleto.
Pois que o fez eterno êxodo intuitivo.
Sumir no pai, sumir. E o pai: sumir
O que dizer do filho que não o ama?
Dizer ao pai que a infância agora é noite.
O olhar que existe é pai e o filho é outro.
Romper ou segurar, família ou filho?
Sequer resposta vêm, se é que há pergunta.
Seus ciclos serão meus, serão sentidos
no âmago mais físico, sem história,
sem urânio. Esse teu descompassado
epitáfio, que vivo ou morto está
escrito à prática do filho autômato.
O acolhimento estrábico e sanguíneo
do pai, que é o filho, e ainda vive atado
a coisa-hóstia cara a todo amor
é mesmo atroz abismo azimutal.
O filho e o pai somados, são dois nômades.
São sócrates sem senso, sem ciência
e místicos estranhos, nenhum mérito
primordial ou linguagem ou cinema:
Pai e filho. Que astúcia, que momento:
A mente: vírgula, procriadora.
O pai e o filho, espelhos um do outro
na concretude cínica da idade...
o filho é mesmo o pai, ou sonho apenas?
Que culpa tem o filho sem um pai,
desenha um falso espelho que a si mesmo
reflete, sem tecido e distraído.
Sem pai o fiho é pai. E continua
a troca, continua extremamente
filho, com a semente a mover tudo.