HÓSTIA TRIUNFAL

Quando o tempo, arteiro como ele só,

se disser aflito, descabelado, mal içado,

e vier se aproximar pedindo um trocado qualquer

vou virar as costas e fingir que não é comigo.

Quando o tempo, bizarro como ele só,

se quiser falido, ensebado, desregrado, mal engomado,

e vier querendo se atracar como quem não quer nada,

vou me fazer de rogado e deixá-lo falando sozinho.

Quando o tempo, mascate como ele só,

se fizer escrito, esquisito, mal domado,

e vier tentando me fecundar, falando asneiras sem fim,

vou me untar de fados e fugir pelas rebarbas de mim.

Quando o tempo, estandarte como ele só,

se der farto, alastrado, ungido,

e vier se aconchegar feito cria recém parida,

vou pegar suas reviravoltas e fazer delas minha hóstia triunfal.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 23/11/2014
Reeditado em 23/11/2014
Código do texto: T5045618
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