GENTE...
Gente...
Gente da minha rua
Como andei distante...
Recordo agora desses velhos muros
Que na minha infância
Pulei para roubar goiabas
Cavalguei como um alazão alado
Na busca de aventuras...
Gente
Cadê os terrenos vazios
Onde nossa vontade de craque
Povoavam nossos sonhos
A lama da rua
Hoje coberta de asfalto
Sujavam a nossa roupa do dia a dia
A escola sem computadores
Mas com carteiras furadas
Onde o velho vidro
De tinta se encaixava
E a pena de metal bebia
O azul dos oceanos
Nos mundos de letras e desenhos
Na folha suja do caderno...
Gente
Por onde andei
Que perdi tudo isso
Sem sair daqui
Sem me ausentar fisicamente
Mas minha cabeça
Viajou por outros mundos
E outras esferas
Hoje gente
Estou aqui
De frente para o futuro
Preso no presente
E saudoso do passado
Com outras gentes...