Livre arbítrio

Como posso ser o que nunca fui?

Descrever o que sentir, sem ser?

Queria eu ser a sensação

Da folha ao tocar no chão.

Também queria ser o chão

E dar-lhe majestosa recepção.

O som do trovão queria eu ser

E ecoar mostrando poder

E da noite ser a mão

Para a aurora dar proteção.

Tantas e tantas coisas queria eu ser.

Ser o silencio que só no ventre do vento há.

A distância que cada gota na chuva se dá.

Ser o burburinho na vida do ar.

Querendo ser sou.

Sou a musica que invento

E digo que quem gosta é o tempo.

Sou a sede da aurora

E para ela domo minha história.

Sou a morte do grito

O fim de seu rito

Sou a fome a sede da vida

Sou o punho cerrado

Do livre arbítrio.

Eu sou um mito.

Sou poeta

E querendo ser

Eu sou.

Enide Santos 22/11/14

Enide Santos (meu toque)
Enviado por Enide Santos (meu toque) em 22/11/2014
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