Um pobre Rio (02)
O rio que desce trombando nas pedras,
Carrega gravetos, corre noite e dia,
Se guia por entre caminhos estreitos,
Vai tomando jeito, fazendo sua cama.
Vai levando lama, só desce, só desce...
E como uma prece, se escuta seu choro,
Reflete cor d'ouro, o sol que lhe brilha,
Seguindo sua trilha descendo o morro.
Vai cruzando montanhas, e deslizando em vales,
Vai juntando males, em todo percurso,
E bebem sua água, animais como o urso,
Água não mais pura, manchada de USURA!
Já contaminada de restos humanos,
Dejetos mundanos, se vai poluindo.
Outrora tão puro, tão limpa a nascente,
Apresenta indícios de um rio doente.
E agora meu Deus, o que hei de dizer
De um rio que jorra, a fonte da vida?
Em toda descida, encheu-se de nojo,
Carregando em seu bojo, a fúria humana
De mentes insanas, q'degradam o amigo,
Carregava consigo a vida saudável
Em aroma agradável, não tem mais sabor.
É veneno puro: quem dele beber,
Certo, vai morrer!
Chegou lá cansado,
De ter viajado um longo trajeto,
Pra trazer a vida, saúde e prazer!
Não dá pra beber, mataram o coitado,
foi muito açoitado, por humano indiscreto
E jaz abjeto - desprezou-se a vida!
A vida acaba, chegará o fim
E tenho pra mim, que a raça humana,
Ninguém me engana, vai subindo ao topo,
tenho por escopo, vai se exaurir!
Então Deus vai rir
Do desgraçado homem, que tudo consome
Deixando seu lixo e até mesmo o rio
Em breve cochicho, lançará um deboche
Daquele q'isto trouxe, já não há mais vida,
Deixaram-me assim.
José Aparecido Ignacio. 20/06/2013