Vitrine
Hei de plantar um pé de verdades sobre teu sepulcro...
Mistificaste teus próprios sonhos e bebeste das mentiras
O ópio que engorda falcatruas e confecciona fantasias
Que fazem das nuvens no céu o mar alegórico das utopias...
Nos adereços da imaginação as ondas se quebram rubras,
É o sangue deteriorado da realidade que coagula enfeitiçado...
Hei de semear sobre tua cova o mito de todas as veracidades
Já que tapeaste as horas com as alegorias de falsos ventos
E edificaste sobre o tapete da vida só irreais monumentos
Que desabam quando as virtudes soterram áridos defeitos...
Hei de transformar o mausoléu em que dormes em atalhos
Que desnutrem as inverdades e as jogam em precipícios
A fim de que a sinceridade ressurja para um novo tempo
Em que a audácia do mundo seja um repertório de trabalho
E as iniquidades feneçam perante a arte, vitrine de fidelidade!