Vitrine

Hei de plantar um pé de verdades sobre teu sepulcro...

Mistificaste teus próprios sonhos e bebeste das mentiras

O ópio que engorda falcatruas e confecciona fantasias

Que fazem das nuvens no céu o mar alegórico das utopias...

Nos adereços da imaginação as ondas se quebram rubras,

É o sangue deteriorado da realidade que coagula enfeitiçado...

Hei de semear sobre tua cova o mito de todas as veracidades

Já que tapeaste as horas com as alegorias de falsos ventos

E edificaste sobre o tapete da vida só irreais monumentos

Que desabam quando as virtudes soterram áridos defeitos...

Hei de transformar o mausoléu em que dormes em atalhos

Que desnutrem as inverdades e as jogam em precipícios

A fim de que a sinceridade ressurja para um novo tempo

Em que a audácia do mundo seja um repertório de trabalho

E as iniquidades feneçam perante a arte, vitrine de fidelidade!

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 22/11/2014
Código do texto: T5044657
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