Onde estão, donos da terra?

Caiuás, Terenas

Guaranis, Carijós

Ianomâmis

Onde estão,

donos da Terra?

Resquícios de longínquo passado

Refletido na face dos filhos de tantas misturas

Arcos e flechas no chão

Vossos lares, ocas naufragadas de lama,

Para a terra retornaram,

Levando lembranças de guerras, lutas,

semeaduras, conquistas e alianças

Corpos pintados

Musicalidade

Instrumentos únicos

Influências culturais

Linguagem imortalizada

Na pena de tantos imortais

A sabedoria de vossos pajés

Sobrevive na atual medicina

Inda que substancial parte

Passada de boca em boca

Por vocação de vidas

Hoje jazidas, a sete ignotos palmos

Em que folhas encontraremos

Nossas raízes desfalecidas?

Cocares, plumagens, botoques

Transformaram-se em material decorativo

Escambo revisitado?

Onde estão os rituais, totens e danças circulares?

19 de abril, Getúlio instituiu, foi decretado

Um dia especial, dedicado ao índio, iconizado

Não paga a dívida social que tenho, que temos

Com os reais donos da terra

Onde deitamos nossas famílias todas as noites

O reino que chamamos de lar

donde destronamos pela força dos brancos, insanos

“civilizando!?”

... “catequizando!?”

... ... “alfabetizando!?”

... ... ... “humanizando!?”

quem só queria, em paz, o curso da vida trilhar

dentro do senso que sempre soube ser liberdade

sem roupas, sem jóias

sem ouro, nem prata

apenas com corpo pintado

e enfeites de cocos e penas

sorrindo, sem título,

e ao mundo dizendo

sou filho do vento...

Caroline Schneider
Enviado por Caroline Schneider em 28/05/2007
Código do texto: T504459