Simplicidade
Há tantas coisas óbvias que não entendo,
às vezes beiro a ingenuidade:
tantas incertezas e promessas não cumpridas.
Me adio, e sinto o tempo passar,
como um alter ego que se despede
E quem fui e sou se misturam
A candura e a adultice se entremeiam
um conflito com meus contrastes
quanto de mim cabe na minha existência?
Existo porque minha existência
flutua em minha aparência e profundidade.
Meu corpo, significante homérico transcrito em lusiadas,
Meus traços são palavras indefinidas, apenas somam se
para dividirem-se em silêncios complexos, significativos.
A bruma me compõem em epiderme,
as suas mitoses empoeiram os livros bagunçados
sobre a escrivaninha, são vigílias sobre páginas,
fazem da geometria que ocupo uma fenomenologia
pelas ligações hibridas do orgânico e uma mente/alma.
São tantas as metáforas e apenas uma vida simples
quanta babaquice na ditadura que escolhi viver
sem saber que estava impregnado de ideologias
que sem reflexão reproduzo, que me interceda as mil ave Marias.
Apenas desejo entrar no mar, nu...despido dos meus padrões
Quebrar o fordismo dos meus dias
desafiar as métricas e sentir a poesia do gozo do momento
sentir o sol dourar minha pele,
deixar a eletricidade percorrer meu corpo.
Devorar a mim mesmo, deliciando me das paixões que vem de dentro
Andar devagar sem tropeçar nas urgências.
As vezes beiro a ingenuidade, há tanto do óbvio que não me permito...