Simplicidade

Há tantas coisas óbvias que não entendo,

às vezes beiro a ingenuidade:

tantas incertezas e promessas não cumpridas.

Me adio, e sinto o tempo passar,

como um alter ego que se despede

E quem fui e sou se misturam

A candura e a adultice se entremeiam

um conflito com meus contrastes

quanto de mim cabe na minha existência?

Existo porque minha existência

flutua em minha aparência e profundidade.

Meu corpo, significante homérico transcrito em lusiadas,

Meus traços são palavras indefinidas, apenas somam se

para dividirem-se em silêncios complexos, significativos.

A bruma me compõem em epiderme,

as suas mitoses empoeiram os livros bagunçados

sobre a escrivaninha, são vigílias sobre páginas,

fazem da geometria que ocupo uma fenomenologia

pelas ligações hibridas do orgânico e uma mente/alma.

São tantas as metáforas e apenas uma vida simples

quanta babaquice na ditadura que escolhi viver

sem saber que estava impregnado de ideologias

que sem reflexão reproduzo, que me interceda as mil ave Marias.

Apenas desejo entrar no mar, nu...despido dos meus padrões

Quebrar o fordismo dos meus dias

desafiar as métricas e sentir a poesia do gozo do momento

sentir o sol dourar minha pele,

deixar a eletricidade percorrer meu corpo.

Devorar a mim mesmo, deliciando me das paixões que vem de dentro

Andar devagar sem tropeçar nas urgências.

As vezes beiro a ingenuidade, há tanto do óbvio que não me permito...

Fellipe de Sousa
Enviado por Fellipe de Sousa em 22/11/2014
Código do texto: T5044290
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