versos

um verso atravessado que parece armadilha com quina pontuda

vamos endireitá-lo para que não machuque um corpo mole

um verso duro contido esmagado e todo sujo de sangue

vamos salvá-lo para que não desvie o olhar de uma dama

um verso moribundo desses em que o poeta quase pula de ponte

vamos convencê-lo pra que o abismo não lhe surja adiante

um verso atrevido com o gosto de uma cereja espremida

vamos alertá-lo para um possível descontrole da libido

um verso doido que cheira a álcool quando parido

vamos com um banho gelado pra que a palavra seja amiga

um verso de amor rico em singeleza e graça

vamos convidá-lo para uma dança na praça

um verso nervoso quebrando silêncio do mais profundo

vamos mostrar-lhe os galhos das árvores que sobem mudos

Paulo Henrique Frias
Enviado por Paulo Henrique Frias em 21/11/2014
Código do texto: T5043623
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