ASSALTO
Deus tem misericórdia de mim
e me atira aos leões
para que, com bravura,
eu possa resistir
às mordidas
e aos arranhões.
E, de corpo dilacerado,
elevo meus louvores
por poder suportar,
sem cair,
todas as dores.
Deus me deixa
entre os mortos.
Sinto o perfume
das carnes putrefatas.
Canto a alegria
de minha face esmagada.
Teço loas ao dia
em que perdi meu sangue.
Deus me deixa exangue,
mas me enche de paz.