Cisne e turquesas

Adentrava pelas finas águas

Penetrava em movimentos diferenciados

O cisne olhava o azul encantado

Trazia com o bico as estrelas lá do mais fundo do lago

Deslizava sobre o espelho de turquesas

Nas bordas uma faixa de orquídeas

Verdes e lilases

De todas as audácias capazes

O som dos violinos descia-lhe pela garganta

Enlouquecido o cisne se esmerava

Executava volteios

Mergulhava

Desenhava na face das águas os versos de enleio

A sede sorvia todo o líquido

Os olhos do cisne bebiam a vida

E o desespero do não saber

Novamente o bico passeava

Rondando as flores aquáticas tão de leve

Esboçando buquês de fino brocado

Beijava-as no pistilo com enlevo

O vento então formou duas ondas

Extasiado pássaro sobre a tumescência das espumas

Dançava a valsa universal das galáxias em cirandas

De novo duas ondas de encontro às suas asas

A régia cabeça o cisne afunda nas águas

Entre os seios