Quinze Mililitros

Ovomaltine de madrugada, de colher,

nessa sucessão de quinze mililitros

até minha boca, amarga e muda.

Enquanto isso os olhos navegam na grande rede

e o corpo inclina com a alma sonolenta,

a língua se banha em mililitros, curioso,

de quinze em quinze, e rápido acaba.

O peso dos olhos é tão inevitável.

O tempo aos olhos é tão instável,

por que o verão anda tão perigoso?

Janeiro agora é de um funeral assombroso, credo.

E busco mais desse leite que logo sujo com malte,

a revolver chocolate.

Os olhos ainda velejam.

No dia seguinte o copo ainda está na pia por lavar,

as formigas aprovam o desleixo.

Aquele vestígio de líquido metálico...

Lá no fundo me intriga, é isso que eu tomo?

Ricco Salles
Enviado por Ricco Salles em 20/11/2014
Código do texto: T5042339
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