Quinze Mililitros
Ovomaltine de madrugada, de colher,
nessa sucessão de quinze mililitros
até minha boca, amarga e muda.
Enquanto isso os olhos navegam na grande rede
e o corpo inclina com a alma sonolenta,
a língua se banha em mililitros, curioso,
de quinze em quinze, e rápido acaba.
O peso dos olhos é tão inevitável.
O tempo aos olhos é tão instável,
por que o verão anda tão perigoso?
Janeiro agora é de um funeral assombroso, credo.
E busco mais desse leite que logo sujo com malte,
a revolver chocolate.
Os olhos ainda velejam.
No dia seguinte o copo ainda está na pia por lavar,
as formigas aprovam o desleixo.
Aquele vestígio de líquido metálico...
Lá no fundo me intriga, é isso que eu tomo?