Um poema chamado TU


Por que tenho que continuar a viver este dilema,
Que há tempo me angustia em insones noites,
Se te sinto distante a me afligir, como se açoite,
E expresso a dor da solidão em meus poemas?

Por que devo persistir a me infligir, inutilmente,
A imensa dor que me hás, indiferente, causado,
Partindo para longe e me deixando só, desolado,
Sem conseguir tirar tua imagem de minha mente?

Até quando, para mim, serás como eterna miragem,
Que se esvai no ar, quando de ti mais me aproximo,
Prostrando-me no deserto de meus sonhos, próximo
Do delírio ao ver desvanecente tua própria imagem?

E circulas por meus devaneios como se fosses Capitu,
E eu, mero sofredor, como Dom Casmurro, me digladio
Entre os momentos de profundo enlevo e os de fastio,
Nominando-te em meus poemas como se fosses só TU.
LHMignone
Enviado por LHMignone em 19/11/2014
Reeditado em 03/05/2018
Código do texto: T5041710
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