A COR
No livro negro do riso,
Escrevi minhas angústias,
Remotas recordações dos tempos idos...
Tão verdes!
Quando, nas páginas amareladas,
Corro os olhos,
Do canto da boca
Brota o sarcasmo inevitável.
Então, eu rio,
Rodopio
E atravesso o branco véu do tempo;
E, no embalo do vento,
Vou rolando na poeira do chão.
Fica cinzenta a pele
Como a cor da perdida alma,
Como o coração sem o abrigo do amor;
Fica cinza como a cor da angústia
Nos pálidos olhos sem cor.
Não fosse o tamanho da dor,
Eu chamaria vermelho
Meu coração incolor.
GIL BERTO LOPES