A COR

No livro negro do riso,

Escrevi minhas angústias,

Remotas recordações dos tempos idos...

Tão verdes!

Quando, nas páginas amareladas,

Corro os olhos,

Do canto da boca

Brota o sarcasmo inevitável.

Então, eu rio,

Rodopio

E atravesso o branco véu do tempo;

E, no embalo do vento,

Vou rolando na poeira do chão.

Fica cinzenta a pele

Como a cor da perdida alma,

Como o coração sem o abrigo do amor;

Fica cinza como a cor da angústia

Nos pálidos olhos sem cor.

Não fosse o tamanho da dor,

Eu chamaria vermelho

Meu coração incolor.

GIL BERTO LOPES

Academia Betinense de Letras
Enviado por Academia Betinense de Letras em 28/05/2007
Reeditado em 29/03/2008
Código do texto: T504152