Do Além
Na noite escura, escuto gritos torvos,...
Ouço um sussurro que arde, que me inflama...
No Céu de estrelas mortas, uivam Corvos,...
Mas mudo sigo... Minha Dor não clama.
Com esse atroz Mal, esse Eterno luto...
Busco alguma alma amiga para amar...
E, de repente, solitário escuto,
Uma Voz vaga a chamar de além-Mar.
A Voz do Além, que tanto me seduz,
Conta-me de uma outra Grandiosa Esfera,...
Onde somente reina alvura e Luz...
Onde aflição e angústia não prospera.
E tal como um Incenso tão singelo,
Sigo a mais rica Voz, a mais sonora...
Pelo Celeste e Alvo Caminho anelo
Chegar à Eterna Paz da tão Calma Hora...
Sigo essa Forma transparente, linda,
Que me revela, ao soar como um Sino,
Que todas as Estrelas brilham inda,
Lá no Real Céu... no Altar mais Divino!
Mas as Serpentes desse Plano umbroso
Afogam essa Voz que me chamava...
E me sufocam com o rubro Gozo,
Ó, que sepulta-me na Indigna Lava!
E com os olhos no Vazio nublado,
Suplico pela Voz... Preciso tê-la!
Mas só escuto uivos por todo lado,
E vejo só névoa... Nem uma estrela!