Efêmeros

Carrega a dor que te carrega,

tristeza,

insanidade,

vendaval.

Leva teu coração sofrido,

amargo,

dor que denuncia afeto mal dado ou mal recebido,

ou não dado.

Leva teu coração nublado,

cansado de ser como é,

mas sem motivação pra não ser.

Sente tua alma sofrida andando em círculos,

sim,

andas em círculos,

pois teu passado que te condena é o teu presente que te abraça,

que se curva ante teu conto de vidas em desespero,

sem levar em conta que quando chorar,

serás apenas mais um na multidão de sonhos que se deslocam sem saber.

E ainda que não seja o mundo,

haverá sempre um muro pra te proteger,

até de ti mesmo.

Seja tua própria voz,

ouvidos de poucos sentidos desmaiados ao sol.

Sol esse que se pudesse te dobraria em ínfimos medos de ser.

Junta o que te resta,

teus cacos,

teu asco,

teu caos.

E de vagar se vive,

e a vagar se quebram,

se quedam,

se esnobam,

se dobram,

se eternizam.

Vai só,

porque solidão é o que te resta,

que te atrai.

Gemendo,

tremendo ,

morrendo vives.

É certo que ao pó voltarás,

mas precisas viver nele também?

Isso não se sabe,

ninguém sabe para explicar.

E quando tudo acabar estarás bem aí,

pra começar de novo...

Fugaz...