APARÊNCIAS
o coração bate mais forte
num vendaval de emoções...
violentas, indecifráveis...
o enigma do coração...
nos perguntamos quem somos,
nos indagamos o que queremos,
nos interrogamos o que faremos...
o labirinto das emoções...
um rosto perdido na multidão...
um rosto a mais no meio de tantos rostos...
comum, natural, humano...
a escultura do tempo que passa...
as pulsações se aceleram
e as palavras se perdem no ar
e se escondem nas intenções...
não pronunciadas... inacabadas...
numa calada da noite qualquer
os demônios explodem do coração
e os fantasmas ressuscitam
da alma acorrentada pela verdade...
palavras não pronunciadas...
intenções inacabadas
num desejo que morre e que nasce
na tubulação de um sentimento...
gostaríamos de dizer tanta coisa!
como, por exemplo, te desejo...
que importa o que vier depois?
o momento deveria falar mais alto!
mas há tantos fatores influindo,
há tantas coisas em jogo!
há toda uma realidade que nos cerca
e nos ilha na frustação do que somos!
pudera apenas sentir,
se apaixonar pelo sentir,
viver no sentir a cada instante
como uma flor que nasce, vive e morre...
mas tudo esgana e engana,
as aparências do que somos
revestem como dominós o desejo que somos...
nos enganamos com tudo... esganamos a nós...
dizer que te desejo,
dizer que te amo...
palavras que não são ditas...
as metáforas de uma meia luz...
o coração bate mais forte
na corrente elétrica deste fino fio
que é o meio do atalho percorrido
do que fingimos ser e do que desejamos...