BRILHO FUGAZ
  
 
 
Silenciam as rochas frias do tempo,
cansada vida em inquietude constante.
Algemas da solidão sufocam momentos,
saudades lamentam os frágeis instantes.

Mágoas são fendas fundas na alma,
dores pungentes trilham sua saga.
Mentiras em coro de risos e palmas,
frágil, a trilha da felicidade se apaga...

Olhar qual pedra banhada pelo mar
goteja vertentes salgadas de emoções,
passado conjugado do verbo amar
envolto em teias de vis traições.

Mariposa vadia procura brilho fugaz,
sorvendo a taça de vinho barato.
Ilusões entorpecidas querendo mais
cruzando noites em diferentes braços.

Vestiu o crepúsculo dos dias,
saboreou cada gole efêmero da noite.
Deixou seu amor em madrugadas frias
no leito do desamor, saudades e seus açoites.
 
No clarear que amanhece rasgando as horas,
um corpo cansado se deita em angústias,
olhar disperso suspenso em agonias...
Onde anda seu riso alegre agora?

Manhãs sombrias, espírito alquebrado...
Esquecida magia, entre obscuras orgias
seu canto não mais encanta.
Ei-lo, entre a incerteza debruçado...
 
Na roleta implacável do tempo
sua aposta foi na liberdade nua.
Jogou e brincou com os sentimentos...

Viveu a vertigem dos insensatos,
sentiu-se poderoso e onipotente,
decretou o fim do ato!

Chora qual menino, um homem derrotado!
Nas mãos trêmulas o suor escorre
no retrato da amada, já tão desbotado...



03/05/07
     
 
Anna Peralva
Enviado por Anna Peralva em 27/05/2007
Reeditado em 12/06/2011
Código do texto: T503629