MIRTES E A ORDEM DO VENTRE
O avesso perecível
 
 
O Sentido das dores
De um parto
O fantasma que ronda
Por perto
Tem um deserto ainda
a muito vago
deixado pra
ser depois enforcado
perder todo ar
viver na água
isololado
permitido voltar
se puder transformar
sua fantasia
e as perversas volúpias
que atingem seu íntimo
onde vive a Deusa
domina-selvagem
que ama a aurora do sol
e a luz que vem
do poente desperto
nas alturas
que vê surgir
no aroma da relva
o que adormece fugindo
vai viver nas sombras
e das sombras
colher as sobras
untar os pedaços
deixados
acender o fogo interno
tentar viver de novo
Lilith sabe das honras
Que deve estender
A quem povoa
Seu mundo
Mas tem nas aventuras
Mais do que loucura
Tem a virtude
Das guerreiras
se entrega
quando se entrega por inteira
O devir  que prende o fraco
No porvir interesseiro
nada incomoda
Se a vontade
Da traidora
Foi trair a si mesma
Beber de um amargo
Fel que tem veneno
Na eternidade
Carrega o vulto
Por onde o luto
Das conformidades
Se apresenta
a Deusa vampira
que na morte
suga os absurdos
deixados sem mágoas
observa os alentos
mudos
que não contam nada
trazem a  volta
desenhada
no século dos permitidos
transbordam
versos conhecidos
na tenra idade
do mortal nas eras
entre estes
dois mundos
que são unidos
pelo que "Pândora
traz entre mãos"
que abre o que
pulsante
se torna outro coração
não mais alado
elevado em toda pulsão
semear um novo
a Troiana liberta
a frente do templo
a toga rubra-escura
cobre o cabelo preto
na moldura
dos olhos azuis
o semblante da frieza
que a pele encanta
no encanto
flauta doce de acalantos
que ela canta
ao felino de lumina verde
ilumina
os ares cítricos
vindos do bosque
perto do vale
onde há por certo
os Terrenos
esperando o cetro
possuído de Seth
pra festa das ninfas
nas cavernas do monte
que guarda
o séquito proibido
de Dévora
as Raptoras do vale
entre as Troianas abruptas
caladas
o abismo dorme
Lilith se consome
Do silêncio vivo
Um mago invadido
Pela doença
Que a fome dos humanos
Acorrenta
Se viu partido
Entre o mundo da força
E a força corroída
Dos infernos
Que Seth alimenta
A rainha dos abutres
Jogou sua carta
Sobre a mesa
Desafiando o permitido
Que se abre em vingança
Cravou sua lança
Nos mares revoltos
Quis a morte
Da nova herdeira
Beber seu sangue
Entregar sua carne
Aos lobos da colina
agora vive menina
de sonhos adultos
traz a fome nos olhos
incultos
de tudo que conhecia
vagará sozinha
de volta aos Terrenos
onde o sol nasce
e apenas o que nasce
ilumina
A Ordem deseja
O que atrai Dévora
Agora vestida
 De tormentas
Que se investem nela mesma
Trazer as agonias
E a incerteza
Que povoa uma vontade
Que se alinha
A sua força
E promete desafiar
Lilith sabe lutar
Contra as frutas caídas
Da árvore do permitido
Que são as tolas
Entre aquelas
Que se tornam vivas
Receberá o que vem vindo
Entregará
O ar rarefeito do caminho
A Troiana-liberta
O felino que guarda
O sangue
De outro mago
Das invocações
Irá com ela
Permite as outras
Que colham suas ervas
Purgando o almiscar
Entre estas
Deixando o doce
Aniz do campo
Queimar toda  espera
Que venham os destinos
A casa está aberta.