Chicotes
Chicotes rasgam-me o corpo,
Num delírio noturno...
De um porão fétido;
Num navio negreiro.
Sou escravo acorrentado,
Na vida sofrida de pobre,
Na mistura de minha raça;
No preconceito dos poderosos.
Chicotes cortam carnes,
De um povo infeliz...
...que chora de fome,
Sentados no meio das favelas.
Chicotes matam crianças,
Dizimam inocentes
Na ganância de riquezas,
Na luxúria dos patrões.
Sou parte de uma sociedade excluída,
Faço poesia sem reconhecimento...
Nasci num casebre de palha,
Comendo folha de mato.
Chicotes se renovam,
Nos porões de navios...
Estalando nos pobres,
Bebendo lágrima e sangue.