Deus Colo – Cala

Poema que reza? Sei!

Sou poeta , mas antes de tudo, confesso:

Sou rélis criatura, criadora, e é por isto

Que peço clemência, justo por não saber versar

As pupilas d´um... Criador.

Arrisco, pois sei que assim torno-me

Atrevido, mas carente de transformar palavras frágeis

Num canto de joia.

Trêmula está à mão deste ser que não vive,

Apenas suporta tamanha fragilidade, pois

Fraco é o coração do homem que bate, toca,

Mas que sente pouco um afago.

Miserável é a corte

Onde os deuses ceiam sem recordar

De seus súditos, ou pior ainda,

Maldito o sistema que separa o humano do ser.

Oh, vida inerte, absorta!

Quanta ilusão trazes no peito, pois vezes são estas

Lágrimas de sangue que escorrem

Pelos altares das estradas.

Poeira, eira, eira, eira, verdadeira.

Mares foram cruzados, terras habitadas,

Povos condenados, mãos decepadas,

Vinhas queimadas, no entanto

Restou-nos somente:

O campo vasto do converger-se.

Rosários foram debulhados, credos barrados,

Marcos fincados, mastros hasteados, pregações vis,

Mas nenhuma terra fértil quis gerar

As suas próprias sementes.

Os templos... Os tempos... Ambos

São enormes.

Crentes? Não se sente mais, pois por onde

Andam pastores sem rebanho, vivem também

Pastos sem feno.

Quanta fome miserável d`um ser!

Olha bem para esta sede, êde, êde, êde... então.

Pesquisaram nas bibliotecas, comeram não,

Consumiram histórias que na verdade são falsas.

Minoria são estas que realmente são capazes de convencer

Alguém do que Ele é:

Busca incansável que faz este infinito

Colocar-se de joelho... ajoelhar-se.

Virgem, és tu, bendita entre todas.

Teu seio farto transformou o encanto do Sonho

Na real carne divina.

Eis, pois o alimento que nutre este

Insignificante escritor,

Que faz da sua pena a arte

De transcrever sentimentos.

Longas são as noites, gélidos dias assim

Passarão; tempestades, brisas, calor... todos

Virão aconchegar este filho que

Regressa ao lar... doce colo.

Eis aqui teu servo quase amado, debilitado,

Angustiado... amargurado, porém cônscio de Ti.

Ora prega por todos, mas, se esvai nas tenras

Chamas da paixão.

Eco, ego, centro de tudo,

Desgraça de orgulho que fere no fundo

D´alma, dito superior, entretanto,

Submerge-se no lodo do não ser nada,

Senão o pouco.

Chamas, labaredas, fagulhas,

Todas elas, todos aqueles serão a razão do

Rachar de novo.

Tapas, murros, pedras, cuspes... ah!...

Posso dizer que sim, são ósculos de anseios, porém...

Torturas de um parir.

São quinze horas, ora, ora, ora, fartas

De peso, atropelos, saudades; mas, certa é a música

Que soa no blimbummmmmmmmm do

Silêncio que atordoa,

Deveras magoa, porém voa.

L i b e r d a d e!!!

Sem asas para acalentar tantos

Rumores num peito só.

Solitário, solidário.

Eis o momento do auge, do transubstanciar,

Deste

renovar de um mero renascer.

Retorno à vida com calos, feridas...

Porém acalentado, sustentado, animado, nutrido

No colo deste Deus que cala, consente,

Sente, mas que no final embala.

Sinto-me amado. Considerado.

Agora durmo... até amanhã do amanhecer

Dos próximos dias.

Boa noite... colo- cala.

EUGÊNIO COSTA MIMOSO.

Eugênio Costa Mimoso
Enviado por Eugênio Costa Mimoso em 14/11/2014
Código do texto: T5035464
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