CARTA DE UM POETA SUICIDA
CARTA DE UM POETA SUICIDA
Vim me despedir
Estou de partida
Parto sem tristeza
Só com um misto de alegria e desespero
Alegria pelo que eu recebi
E desespero
Pelo o que eu não pude ou não soube
Dar
Parto assim como um pássaro
Quando pela tempestade
Interrompe seu voo
Pela sobrevivência
Como a estrela que se foi
É só percebemos sua partida
Quando o brilho dela se esvai no céu
Parto sem vontade de ir
Fico inventando desculpas
Imagino que precisam de mim
Que vou fazer falta
Que ainda tenho muito que dar
Mas a verdade das coisas
Grita no meu peito como uma trovoada
De verão
Rápida mas temerária e violenta
Trazendo a realidade
Que queremos esquecer...
Nada levo daqui
Só as roupas do corpo
Rotas e gastas pelo tempo
Remendadas de lembranças
E manchadas pelas lágrimas
De sofrimentos
O coração eu não levo
Deixo para quem quiser
Guardar de lembrança
Um coração de poeta
Mas não vendo nem troco
Só doo para quem me doar
Antes da minha partida
Um pouco de amor
Não precisa ser muito
Só um pouquinho...