"AOS deuses"...E DAÍ?

E daí?

se despertei sem pedir licença

Se acreditei na decência .

E daí?

E daí,

se aos tantos e cansados

falsos deuses tão mortais

Meu poema segue ateu

Em versos brancos, sempre iguais?

E daí?

Se aos deuses infernais

Faço odes atuais,

Aos nossos tempos surreais!

E daí?

Se não considerei Deus

mais um deus com certidão

da ridícula invenção?

E daí,

Se só cumpri todos anais

Das tantas leis aos desiguais?

Se à obnubilação do absurdo..

Faço verso moribundo?

E daí?

Se frente à força do holístico

Meu poema é só artístico...

E daí?

Se verborreio a intuição

qual rima de premunição?

Se atravesso a poesia

Sem bater vil continência

ao poema em decadência...

E daí?

Se não cedo à reverência

Se não perdoo a ausência...

E daí à repreensão?

Frente a tanta usurpação

É troféu de redenção...

E daí?

Se não falto com a verdade...

Se repudio as realidades.

Quem sentenciará o dolo

Pela explícita orgia

Sempre em prol do solo próprio

Da ilícita poesia?!

E daí deuses impróprios?

Quem vai amputar o grito

Dum autóctone aviso!

No anteverso derradeiro

Dum poema verdadeiro?

E daí olimpo?