Mal incurável

Padeço de mal incurável

Sou feita de tantos pedaços

que eles já não cabem em mim.

Cada um deles deu cria,

vivem juntas a calma e a agonia

entre um gole e outro de gim.

Meus cacos se tocam e se ferem,

se atraem e se repelem

se cortam até o sangue pingar!

Num duelo dos meus eus,

entre sóis e breus

aprendi a caminhar!

Ando descalça sobre pedras,

mas tenho medo das flores...

De onde vem as dores?

Da escuridão das cavernas

ou do universo das cores?

Posso resistir a um vendaval

e ser derrubada por uma brisa...

banhar-me no lamaçal,

embrenhar-me nas urtigas

e sair intacta!

Posso sobreviver ás mil pragas...

Sou aquilo que sou!

Não suporto guerra fria....

A guerra do fogo me atrai

Domo meus instintos animais

na aridez do dia...

Nesse rebuliço incontrolável,

sou quase inimaginável,

mas me trai minha poesia!

Ane Rose
Enviado por Ane Rose em 14/11/2014
Código do texto: T5034580
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