História dum irmão

Aquele meu irmão

Que sempre sonhou

E acariciou o futuro sem pudor

Ainda está lá,

Faz tranças com os pingos de chuva

Conta novelas que só terminam em dor

Mas ainda está lá

Ele fez mil cartas pra o futuro

Mas não as enviou

Diz ele que tudo por lá é imaturo

Que os abraços têm mais hábitos que sentimentos

Que as noites estão mais acordadas que os dias

E que ele está melhor lá

Onde nós chamamos de passado

Aquele meu irmão

Elaborou uma cerimónia e se apelidou filósofo

No mesmo momento que as nossas madrugadas

Elaboravam um coro de sermão

Para hoje lhe chamarem de louco

Pelo excesso de horas sonhadas

Mas ele ainda está por lá

Relendo suas cartas e trançando pingos de chuva

Jamais quis saber do nosso garimpo

Tao pouco se preocupou com o nosso bé-a-bá

Que no final das curvas

Só nos faz meras peças do mesmo tempo.

Odibar João Lampeão
Enviado por Odibar João Lampeão em 13/11/2014
Reeditado em 13/11/2014
Código do texto: T5033312
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