História dum irmão
Aquele meu irmão
Que sempre sonhou
E acariciou o futuro sem pudor
Ainda está lá,
Faz tranças com os pingos de chuva
Conta novelas que só terminam em dor
Mas ainda está lá
Ele fez mil cartas pra o futuro
Mas não as enviou
Diz ele que tudo por lá é imaturo
Que os abraços têm mais hábitos que sentimentos
Que as noites estão mais acordadas que os dias
E que ele está melhor lá
Onde nós chamamos de passado
Aquele meu irmão
Elaborou uma cerimónia e se apelidou filósofo
No mesmo momento que as nossas madrugadas
Elaboravam um coro de sermão
Para hoje lhe chamarem de louco
Pelo excesso de horas sonhadas
Mas ele ainda está por lá
Relendo suas cartas e trançando pingos de chuva
Jamais quis saber do nosso garimpo
Tao pouco se preocupou com o nosso bé-a-bá
Que no final das curvas
Só nos faz meras peças do mesmo tempo.