PARA MANOEL DE BARROS
Há um tempo de ser árvore e outro de ser pássaro.
Há um tempo de ficar e outro de partir.
Há um momento de se volver à luz.
Poeta, quem somos nós para lhe dizer “não vá agora”?
Quando o corpo já não aguenta mais suportar a alma,
quando a dor física se torna um peso,
talvez seja o momento de se viajar para onde os versos
são apenas a leveza do descanso e da paz.
Mas a tua poesia permanece entre nós.
Tua alma pantaneira de menino encantado sempre haverá
de estar aqui, fora da asa, voando entre nós.
Pássaras rimas, versos livres de infinita leveza.
Ah, como eu queria ouvir a doce frase:
“ainda não foi dessa vez”.
E saber que tuas mãos, mesmo trêmulas,
ainda hoje escreveriam mais um poema.
Sopra hoje triste brisa sobre a mata.
Brilha o verso,
transluzido cristal de esperanças.
Por dentro, o coração chora.
E nossas lágrimas se misturam
às águas do pantanal.
Ainda é cedo, poeta.
Fica para mais uma rodada de poesia.
Ainda hoje, eu quero um poema teu.
Que me ensine, mais uma vez,
a ser árvore, pássaro e menino.
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OBS. Eu havia escrito esse poema ontem. O poeta ainda não havia partido... Mas hoje, 13/11/2014 ele se encantou... Foi poetar entre
as estrelas... Sinto-me um pouco/bastante órfão... Lamentável perda para a poesia brasileira/universal.