MIRTES E A ORDEM DO VENTRE
A cópula do germe

 
 
A lenda desfilou sobre
O corpo da ex dama
Da coorte
Que ousou buscar
Trazer a tona
Seu ente possuído
Estava estendido
Na beira mar
A deriva
Segurando o que havia
Por perto
Os pulsos secretavam
 o sangue negro
como se tivesse
emergido das tumbas
de outrora
o branco não colore
nada
num preto vestido
rasgado
que pedaços
tinha se esvaido
por tudo
ela mergulhava
seus olhos no horizonte
onde era tudo absurdo
flashs rápido
da lembrança do vulto
o Terminador
dos sonhos
havia feito um culto
tinha pássaros mortos
estacas cruzadas
entre amarras
num circulo fechado
o restolho de um fogo
cheirava
parecia aceso
no meio marcado pela estrela
desenhada
as pedras
não eram pedras
de nenhuma das montanhas
em volta
tinha Opalas lápis-lazúli
em cada ponta vingada
o séquito havia
deixado apenas
a corda presa
num recado
de desespero sobre a areia
gotas da superfície
que agora ela lembrava
se ergue ainda
destemida
há nuvens nos olhos
imposta pelo submundo
um estranho sentido
algo persegue suas veias
a astuta que voou
longe do ninho
tomou o vinho secreto
do ritual da Ordem
desce olhos aos seus pés
um anel de prata
brilhante
a faz delirar vagante
por todo lugar
braços se abrem
como num curto
emocionado surto
da delicadeza que
ela não tinha
que derrenpente fixa
todo seu olhar
a inércia derruba
as paisagens
o coração palpita veloz
o algoz dos sábios
entre os mortos
nunca foi uma miragem
a flor desabrochada
ainda estava estendida
lábios escuros
sem olhos
o corpo cavernoso
não mentia
ela sempre esteve entre
elas
mas a ilha desfaleceu
o elo
que o séquito incorreu
de um belo jardim
prepaparado
p’ra ser livre
Dévora se vê abominada
Num deserto
Que era somente seu
Há uma pedra clara
Como gema de diamente
Polido
No anel vestido
Em seu dedo
Que ficava claro
Quando nada mais
Fazia sentido
Havia perigo por perto
Sempre que o incerto
governava o prazer
De ser a liberta
Dômina-fêmea
Que foi dominada
Pelo senhor dos infernos
O dominio dos tempos
Que a luz fraca
Da caverna habitava
Deu-lhe a força
Que ainda encoraja
ressurge pra ser
Desafiada
O espelho de água salgada
Se abre
Ela vê o destino permitido
Que deve seguir
Surge uma dama
Encoberta de toga preta
Na abertura do templo
um felino de olhos verdes
recolhido entre as mãos
Dévora reconhece
A Troiana abrupta
Que nenhuma coragem julga
Agora pertence ao grão
Ela deve derrubar
O deserto
Descer da superfície
Ainda falsa
Emergir dos túmulos
Que contavam
Sua história
A balsa do Terminador
Aporta
Desce o hermita
Sem rosto
Abre um circulo de fogo
Convida-a entrar
Levará o fruto renascido
Ao vale proibido
Onde o Descido
Está a sua espera
A luz da esfera
Que o alcance ofusca
No limiar vigilante
De onde ela vagou delirante
Até aqui.