Em tua teia

Porque, como Ulisses, ouvi o canto da sereia,
E não resisti, como herói que não se medra,
Mesmo sujeito ao risco de, entre as pedras,
soçobrar o barco de minha vida, às ameias;

Porque, como inseto, enlacei-me nas tramas
Que urdiste a minha espera, tecendo a teia,
Sem que soubesse que era a aguardada ceia,
A ser degustada, nesta noite de lua, sem drama.

Silente, tu te aproximaste de mim, prisioneiro
De teus carinhos, enredado por teus encantos,
Enlevado, até mesmo, por este doce canto
Que sussurraste em meu ouvido, por primeiro,

Sorrateira, tu me envolveste em tuas artimanhas,
Sugaste meu corpo, o néctar que ofereci, incontido,
E, após saciada, sem mais ter o que fazer comigo,
Deixaste-me ao canto, mera presa de uma aranha.
LHMignone
Enviado por LHMignone em 11/11/2014
Reeditado em 02/09/2017
Código do texto: T5031690
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