brinde

levanto um brinde a solidão;

ergo a taça em nome do tédio;

bebo em glória da angústia;

embriago-me pelo vazio de mim...

podem me chamar de idealista,

mas eu não sou idealista!

o idealista é aquele que tem ideais

e eu não tenho nenhum ideal!

perdi-os a muito tempo...

num tempo em que podia sonhar,

num tempo em que havia sentidos

nas perspectivas de um amanhã...

as esperanças morreram todas

na descoberta da verdade

que matou o ideal

de construir a vida no amor!

os sonhos ainda existem...

estes não podem morrer!

é através deles que vivo

no mundo de uma imaginação...

levanto um brinde a solidão

que me cercou numa ilha

cercada de seres humanos

que meu coração não alcança...

ergo a taça em nome do tédio,

da monotonia de todos os dias,

sempre os mesmos, sempre iguais...

ato autômato de ser...

bebo em glória da angústia

de não ter ao meu lado

você a quem tanto amo...

procura insaciável da paixão!

embriago-me pelo vazio de mim

de nada vir a acontecer...

sem sentidos, sem ideais, sem perspectivas...

nada versus nada fora de mim!

a humanidade da desumanidade

corroendo como um ácido

os sentimentos humanos

do animal trancafiado...

ergo brinde sobre brinde

sem pensar, sem raciocinar...

apenas o momento de engolir

o gosto amargo do desespero...

sentindo a emoção

do fazer do sofrimento

em busca do esquecimento

do nada absoluto que represento!

carline
Enviado por carline em 11/11/2014
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