O Tempo
Tempo que vai...
Dá-me o sorriso pleno
pelas coisas que vivi,
pelos beijos úmidos
e abraços indeléveis.
Dá-me a alma mansa:
extrato fino dos dias
em que dormi amado
e acordei sozinho.
Tempo de agora...
Desvende esse meu ritmo
que pulsa a cada manhã,
e me molda fraco ou forte
na busca de outro norte...
Me abrande cada conflito
nas minhas fugas sem fim...
Na dança de um novo rito...
No fogo que arde em mim.
Tempo que vem...
Orixá mais que perfeito.
Nas formas leves do vento,
Diga-me o que há de ser feito,
soprando-me um acalento,
no hálito dessas manhãs,
nos sonhos do meu rebento,
e nessas luas tal qual divãs
por onde eu me desoriento.