raras pairas do tucano de finados

Num dia de finados

na alameda cinza

do meu jardim

tinha um tucano

olhando pra mim

E assim foi

até o fim

da estação.

Nas primeiras manhãs de Verão,

eu sentia falta

dos olhos redondos,

do estranho tucano do meu jardim.

Noutra primavera,

passou voando

nem parou, na nossa

ou só minha alameda.

Numa tarde de inverno

a alameda cinza

não tinha folhas

mas vinha um som

de reco reco, interno.

Parecia mais

um amor,

controverso

por um tucano.

Não sei se era

o mesmo;

Talvez fosse

um por ano...

Mas seguiram

sete primaveras

e sete dia de finados

que findei minhas artérias

Enquanto raras pairas

sustentavam a ilusão

de erigir um canto bom

vindo, de alguma

sensação de coração bom.

Um dia voou,

eu não sabia

só via

e até

o tucano,

que não pensa

sabia, tudo o que

eu sentia.

Dístico destino,

Primavera,

& finados.

Conto com finda.

Amarrado com fita.

Noutro dia dos mortos

em que sentimentos

foram órfãos,

do tucano

que não sabia amar

de luto

seguiu

em pairas

o rumo,

Por isso,

eu sumo.

Não perdoo quem sabe voar

mas não sabe olhar o céu,

nem quem

não, não quer um

galho

para chamar de lar.

Ouvinte Pensativa
Enviado por Ouvinte Pensativa em 11/11/2014
Reeditado em 11/11/2014
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