raras pairas do tucano de finados
Num dia de finados
na alameda cinza
do meu jardim
tinha um tucano
olhando pra mim
E assim foi
até o fim
da estação.
Nas primeiras manhãs de Verão,
eu sentia falta
dos olhos redondos,
do estranho tucano do meu jardim.
Noutra primavera,
passou voando
nem parou, na nossa
ou só minha alameda.
Numa tarde de inverno
a alameda cinza
não tinha folhas
mas vinha um som
de reco reco, interno.
Parecia mais
um amor,
controverso
por um tucano.
Não sei se era
o mesmo;
Talvez fosse
um por ano...
Mas seguiram
sete primaveras
e sete dia de finados
que findei minhas artérias
Enquanto raras pairas
sustentavam a ilusão
de erigir um canto bom
vindo, de alguma
sensação de coração bom.
Um dia voou,
eu não sabia
só via
e até
o tucano,
que não pensa
sabia, tudo o que
eu sentia.
Dístico destino,
Primavera,
& finados.
Conto com finda.
Amarrado com fita.
Noutro dia dos mortos
em que sentimentos
foram órfãos,
do tucano
que não sabia amar
de luto
seguiu
em pairas
o rumo,
Por isso,
eu sumo.
Não perdoo quem sabe voar
mas não sabe olhar o céu,
nem quem
não, não quer um
galho
para chamar de lar.